Comunicado meteorológico avalia impacto da geada de agosto na produção gaúcha

O comunicado agrometeorológico de agosto, elaborado pelos técnicos da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, apontou que as geadas registradas nas regiões produtoras de cereais causaram danos às lavouras de trigo, com expectativa de quebra na produtividade entre 15% e 25%. As regiões mais afetadas, segundo o informe divulgado esta semana, são as plantações de Santa Rosa (estimativa de 25% de perda na produtividade) e Bagé e Frederico Westphalen (perdas entre 15% e 20% na produtividade).

O fenômeno da geada atingiu também as variedades precoces de pessegueiros em pleno florescimento, formação de frutos e frutificação (superprecoces já em fase de raleio dos frutinhos nas regiões mais quentes). A extensão dos danos ainda não foi mensurada em caráter estadual Para videiras, cultivares de ciclo precoces como Chardonnay, Pinot Noir e Vênus já apresentavam brotações em agosto e, consequentemente, podem ter sido afetadas. Práticas de manejo, incluindo repoda (dependendo do nível de dano) adubação do solo para suplementação nutricional e a manutenção do controle de pragas e doenças após o rebrote podem ser necessárias para minimização dos danos.

A equipe de agrometeorologia da Secretaria é composta pelas engenheiras agrônomas Amanda Heemann Junges, Loana Cardoso e Ivonete Fátima Tazzo, doutoras em agrometeorologia, e pelo meteorologista Flávio Varone. O grupo divulga mensalmente um resumo das condições meteorológicas ocorridas no Estado na forma de Comunicados Agrometeorológicos, que podem ser acessados aqui.

“Definimos o conceito de geada, do ponto de vista meteorológico e do ponto de vista agronômico, relatamos os principais danos e descrevemos as etapas do ciclo em que as culturas agrícolas estavam mais suscetíveis à ocorrência de baixas temperaturas do ar. Também buscamos fotos representativas dos danos causados pelas geadas de agosto de 2020, como forma de tornar o Comunicado uma publicação ilustrativa e de fácil leitura e acesso à comunidade em geral”, informou a equipe de especialistas da Secretaria de Agricultura.

Precipitação pluvial

Em agosto, a chuva mensal atingiu valores próximos à média histórica nas regiões localizadas na porção norte do Estado, enquanto que na porção sul os valores registrados se situaram abaixo da média. A presença de massas de ar seco durante a maior parte dos dias determinou valores de precipitação pluvial abaixo da média em Quaraí (25 milímetros de chuva no mês), Alegrete (34 mm ) e Canguçu (62 mm).

A presença de duas massas de ar frio favoreceu a ocorrência de valores negativos de temperatura e de formação de geadas em diversas regiões do Estado. As mínimas absolutas atingiram valores entre 5°C e 3°C negativos em várias localidades, como Veranópolis (-2,4ºC), Cambará do Sul (-3,2°C), Getúlio Vargas e Vacaria (-3,4°C), Serafina Corrêa (-3,5°C), Bom Jesus (-3,8°C), São José dos Ausentes (-4,3°C) e Quaraí (-5,0°C). Apesar da ocorrência de dias com temperaturas do ar extremamente baixas em agosto, as médias mensais foram próximas à média histórica (normal climatológica 1981-2010) na maior parte do Estado.

As culturas de verão, em fase de implantação no mês de agosto, registraram boas condições para as atividades de preparo do solo e de semeadura das lavouras de milho. A geada, entretanto, atingiu as lavouras já emergidas e afetou o desenvolvimento inicial da cultura, provocando a queima das primeiras folhas externas – embora não se projete comprometimento significativo no desempenho final das culturas.

Ainda não há estimativas de área a ser semeada com as principais culturas de sequeiro. O Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), porém, divulgou no inicio de setembro uma projeção de semeadura de 969,2 mil hectares na safra 2020/2021.

A agrometeorologia, ciência que estuda a influência do tempo e do clima na produção agropecuária, tem papel estratégico no entendimento da relação clima-planta e no desenvolvimento de ações que minimizem os ricos climáticos. Zoneamentos agrícolas, estabelecimento de épocas de semeadura e definição das variáveis meteorológicas de maior impacto no ciclo de crescimento e desenvolvimento das culturas são alguns exemplos das aplicações da agrometeorologia.