Assembleia Unificada dos Servidores públicos em greve lota a praça da Matriz
- ASSAGRA
- 10 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de dez. de 2019
Com a iminência da votação ocorrer na próxima semana, servidores decidiram manter a greve até a retirada do pacote
Flávio Ilha *
Fotos: Iury Casartelli

Nem mesmo o sol forte consegui afugentar a multidão que ocupou, na manhã desta terça-feira (10), a praça da Matriz, no Centro de Porto Alegre, na terceira assembleia geral unificada dos funcionários e professores estaduais em greve. Os organizadores calcularam que mais de 20 mil pessoas estavam na assembleia, que decidiu a permanência da greve até a retirada do pacote com sete projetos que tramitam na Assembleia Legislativa em regime de urgência e altera as regras para o funcionalismo público.
Centenas de ônibus de várias cidades do interior, algumas a mais de 600 quilômetros de distância de Porto Alegre, engrossaram o movimento. Após a assembleia, realizou-se um ato público e uma caminhada até a sede da Secretaria Estadual da Fazenda. O ato contou também com apoio de estudantes, movimentos estaduais e de representantes parlamentares.
Além de reivindicar a retirada do pacote da reforma administrativa, os servidores também exigem a regularização dos salários, que vêm sendo pagos em atraso e parcelados há 48 meses. Também pedem reposição salarial para funcionários e professores, sem reajuste há cinco anos.
Devido ao regime de urgência, a votação na Assembleia deve ocorrer já na semana que vem – se o pacote não for retirado. “Estamos assistindo a umas das greves mais valorosas da nossa história, sem possibilidade nenhuma de recuo. Se o governador acha que vamos recuar pela ameaça do corte de ponto de um salário que sequer é pago, saiba ele que está acendendo um barril de pólvora”, disse o diretor de Política Salarial do Sintergs, Antônio Augusto Rosa Medeiros.
A força da mobilização
Os dados das entidades representativas dos grevistas não deixam dúvida de que o movimento continua forte.A paralisação dos professores, que atinge mais de 80% da categoria, por sua vez, cerca de 90% dos técnicos agrícolas do Estado estão em greve, assim como a totalidade das coordenações de Saúde e técnicos de secretarias como Planejamento, Obras, Cultura e Turismo.
“Categorias que historicamente nunca fizeram greve estão aderindo. Até no Planejamento, nas barbas da secretária Leany [Lemos, secretária do Planejamento], que é a mãe desse pacote, os servidores estão parados. A nossa unidade vai garantir a derrubada desse pacote”, afirmou Diva Costa, presidente do Sindsepe.
Já o presidente do Sindicaixa, Erico Correa, conclamou os grevistas a manterem a mobilização. “Na semana que vem esta praça vai se transformar no quartel general de funcionários e professores porque vai ter guerra contra esse pacote”, assegurou.
“Estamos diante desse mar de gente graças à incompetência deste governo, que mentiu descaradamente durante a campanha sobre a situação dos serviços públicos no Estado. Ele não passa de um menino mimado que se esconde atrás da saia da mãe quando a coisa aperta”, destacou a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Schürer.
O presidente da ASSAGRA, Danilo Cavalcanti Gomes frisou a importância dos educadores. "Se nós estamos aqui trabalhando é por por causa de vocês que nos formaram e lutaram para que a gente, hoje, execute políticas públicas para o povo gaúcho", destacou o presidente ao ressaltar que o atual governo não está tirando só o salário do servidor, mas também a sua dignidade, e a do povo gaúcho como um todo. "Quando ele acaba com o servidor, ele acaba com as políticas públicas, com o serviço público e consequentemente acaba com aquele que mais precisa nesse Estado, ele liquida com os pobres ” , finalizou.

O pacote, entre outras aberrações, taxa os salários mais baixos de aposentados com desconto de alíquota previdenciária, retira a possibilidade de incorporação de vantagens de carreira nas aposentadorias e, no caso dos professores, mexe no plano de carreira desestimulando as especializações e pós-graduações.
O ato também teve uma performance artística, que representou os danos do pacote na sociedade gaúcha e nas famílias dos servidores, e uma caminhada. Durante o trajeto, a multidão cantou palavras de ordem contra o governador, classificando-o como “caloteiro” e “ordinário”.
Na secretaria da Fazenda, os manifestantes foram recebidos por um forte aparato de segurança que envolveu soldados do batalhão de choque com armas e bombas de efeito moral. Os acessos ao prédio foram bloqueados. A manifestação terminou por volta do meio-dia.
Nesta quarta-feira (11) os servidores em greve farão um ato em frente ao Lacen (Laboratório Central do Estado), na avenida Ipiranga. Antes do ato, duas caminhadas sairão do Hospital Psiquiátrico São Pedro e do Sanatório Partenon em direção ao Lacen, a partir das 8h30, para marcar mais um dia de greve.
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*com informações e edição ASSAGRA
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