Pesquisa do DPPA aponta que queijo colonial gaúcho combina qualidade e preço
- ASSAGRA
- 3 de set. de 2020
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Atualizado: 4 de set. de 2020

Uma pesquisa coordenada pela veterinária Larissa Bueno Ambrosini, do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DPPA), com a colaboração de pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal da Paraná, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mediu a reputação do queijo colonial entre os consumidores gaúchos.
A enquete, realizada com a metodologia survey na plataforma Google, ouviu 456 consumidores. Os resultados demonstraram que o queijo colonial tem reputação positiva junto aos consumidores, apresentando características como sabor, relação custo-benefício e normas de higiene que atendem às necessidades emocionais e funcionais de consumo.
Além disso, é percebido igualmente como um produto que possui identidade cultural, visto como expressão de um saber-fazer histórico, produzido de forma respeitosa ao meio ambiente e tendo relevância para a economia dos locais onde é produzido – o que demonstra que os consumidores percebem o conteúdo patrimonial do queijo colonial do Rio Grande do Sul.
O questionário ficou disponível na rede entre os dias 7 de fevereiro e 23 de abril de 2019, período em que 486 pessoas responderam às questões. Foram consideradas, entretanto, as respostas de 456 consumidores, descartados os consumidores que não residiam no Rio Grande do Sul. O perfil da amostra não permite que os resultados sejam extrapolados para toda a população do estado, mas fornece pistas sobre a percepção dos consumidores gaúchos por perfil de renda, faixa etária e localização.
Dos 456 entrevistados que responderam ao questionário com domicílio no estado, 45% eram da Região Metropolitana de Porto Alegre, 9% da Serra (grupo de municípios da microrregião de Caxias do Sul acrescido dos municípios de Gramado e Canela) e 47% do interior (demais municípios do Estado). Com relação à faixa etária, 20% tinham até 30 anos, 49% entre 31 e 50 anos e 31% tinham mais de 50 anos, e a maioria era do sexo feminino, 63%.
Quanto à renda, 29% ganhavam até quatro salários mínimos; 40% entre quatro e 10 salários mínimos; e 31% mais de 10 salários mínimos. No que diz respeito à escolaridade, a grande maioria tinha grau superior, sendo 36% graduação e 51% pós-graduação; 13% tinham ensino médio e apenas 1% somente o ensino fundamental – um viés comum em pesquisas realizadas pela internet.
Os queijos artesanais podem ser considerados patrimônios das comunidades que os produzem, pois expressam a evolução de um conhecimento compartilhado ao longo do tempo. O consumo desses queijos envolve a valorização de atributos tangíveis, como sabor, e características intangíveis, como tipicidade, sustentabilidade ambiental, social e econômica.
O queijo colonial do Rio Grande do Sul é produzido por comunidades de descendentes de imigrantes, especialmente italianos e alemães, desde meados do século 19. Sua receita vem sendo passada entre as gerações e se transformando de produto de autoconsumo a uma fonte de renda para muitas famílias. O termo colonial tem relação com as “colônias”, ou lotes de terra onde os imigrantes foram instalados.
Atualmente, são 30 indústrias com inspeção estadual produzindo queijo com a denominação “Tipo Colônia”; há também quatro indústrias com inspeção federal com produto registrado como “Queijo Colonial”. O Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul (IGL; EMATER, 2015) aponta mais 224 agroindústrias familiares legalizadas. O volume de produção anual ultrapassa 2,3 mil toneladas.
A produção caseira, no entanto, supera todo o volume que integra os sistemas federal, estadual e municipal de inspeção. Conforme dados recentemente disponibilizados por meio do Censo Agropecuário de 2017, no Rio Grande do Sul, são contabilizados 32 mil produtores que informam produzir algum queijo em seu estabelecimento rural, com um total de 9.669 toneladas de queijo produzidas, e 6.581 toneladas comercializadas (IBGE, 2019).
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